Fabricantes clássicos

O século XIX foi o século dos faróis. Milhares deles surgiram em todos os continentes para promover a segurança da navegação, impulsionada pelo extraordinário aumento no comércio, migrações humanas e conquistas coloniais. O aço e o vapor substituem a madeira e as velas na construção naval. Surge então uma "indústria" dos faróis cujos maiores expoentes foram:

 

HENRY LEPAUTE - Augustin Michael Henry, descendente dos grandes relojoeiros franceses, começou a trabalhar com o inventor do sistema dióptrico de lentes Augustin Fresnel in 1825 cuidando dos projetos dos mecanismos de rotação. Ele continuou com os irmãos Fresnel até abrir sua própria fábrica de sistemas óticos em 1838. Em 1854 ele adicionou ao seu o sobrenome de solteira de sua avó paterna (Lepaute), e a empresa passa a se chamar Henry-Lepaute. Suas atividades cessam em 1914 em virtude da Primeira Guerra Mundial.

 

LOUIS SAUTTER - Em 1852, Louis Sautter comprou o negócio dos herdeiros do pioneiro fabricante de lentes François Soleil. Em 1870 ele se associa ao engenheiro civil Paul Lemonnier e a nova empresa denominada Sautter, Lemonnier e Cie passa também a fabricar dispositivos sonoros e elétricos para faróis. Em 1890 o engenheiro Henry Harlé assume as funções de Paul Lemmonier, e a então Sautter-Harlé, além de uma breve parceria com Gustave Eiffel (o construtor da famosa torre de Paris) investe também em equipamentos para o setor ferroviário até ser absorvida pelo conglomerado francês Alsthom (atual ALSTOM) em 1970.

Catálogo BBT e placa de aparelho lenticular

 

BARBIER & FENÈSTRE - Criada em 1862 por Nicolas Frédéric Désiré Barbier e Stanislas Fenèstre. Com o falecimento de Stanislas, Barbier se associa ao genro Joseph Bénard em 1894 e a firma passou a se chamar Barbier & Bénard Constructeurs. Em 1897 Paul Turenne ingressou na empresa casando-se em 1901 com outra filha de Barbier surgindo então a Barbier, Bénard & Turenne (BBT) em 1901. Muito rapidamente se tornou a líder do setor, fabricando lentes, torres metálicas, boias, buzinas de cerração e equipamentos de iluminação pública. Em 1935 se funde com a Krauss (fabricantes de câmeras e lentes) e passa também a produzir binóculos, microscópios e luminárias de salas de cirurgia. A sociedade foi dissolvida em 1982 e nove anos mais tarde a empresa Gisman dá continuidade ao ramo de sinalização náutica.

 

CHANCE BROTHERS -  Em 1824, Robert Lucas Chance comprou uma fábrica de vidros em Smethwick, Inglaterra. Fabricando desde os vitrais do Parlamento inglês até o fundo de vidro branco dos relógios do Big Ben, inicia em 1851 a produção de lentes e outros aparatos para faróis.  Cem anos mais tarde outro fabricante de vidros, Pilkington, assume o controle da companhia (da qual já detinha 50% desde 1945) e vende o setor de faróis em 1955 para a Stone Platt, que abre falência em 1980.

Aparelho lenticular de 1ª ordem (Chance Brothers Archive)

 

AGA (Svenska Aktiebolaget Gasacumulator) - A sueca AB Gasacumulator foi fundada em 1901. Em 1906 Nils Gustaf Dalén se tornou engenheiro chefe da empresa, e três anos depois, seu presidente, que a organizou sob o nome AGA. Os dispositivos criados por Dalén permitiram a utilização segura do acetileno, gás altamente explosivo. Em 1912 Dalén recebeu o prêmio Nobel de física pela invenção da válvula solar: um interruptor do fluxo de gás que utilizava a propriedade de dilatação / contração dos metais pelo calor (do sol) para ligar e desligar automaticamente a luz dos faróis. Essa invenção deu início ao processo de automação de sinais náuticos. A empresa, adquirida pelo conglomerado Linde, não atua mais no setor náutico mas ainda fornece gases para a indústria e hospitais.