Os faróis no Brasil
Em sua passagem pelo nosso litoral, o corsário inglês Cecil Dampier documentou em 1699 a existência de um farol no interior da fortaleza de Santo Antônio na entrada da baía de Todos os Santos. Tratava-se do famoso "Farol da Barra", na Bahia, construído um ano antes.
Aparência da primeira torre do farol da Barra (Arquivo Histórico do Exército)
Embora carecendo de documentação que comprove o fato,
existe a possibilidade de outras fortalezas litorâneas abrigarem algum tipo de
farol rudimentar. Por exemplo, no plano de 1756 da reedificação da fortaleza de
Santa Cruz na entrada da baía de Guanabara (RJ) já consta um farol, mas a data
oficial de sua inauguração é 1839.
A instalação de faróis em todo o mundo esteve
intrinsicamente ligada a expansão do tráfego marítimo decorrente do aumento das
relações comerciais, em nível doméstico (entre portos do mesmo país) ou
internacional. Entretanto, apenas em meados do século XIX as iniciativas
pontuais de um governante ou de uma cidade seriam gradativamente centralizadas
por órgãos públicos capazes de planejar, construir e manter uma rede integrada
de sinalização náutica. Até 1808 os administradores de localidades na costa
brasileira tratavam diretamente com a Coroa Portuguesa sobre as melhorias
necessárias nos territórios sob sua jurisdição.
Com a chegada de D. João VI ao Brasil e o decreto de
abertura dos portos, o consequente aumento do tráfego marítimo motivou a
implantação de faróis. Para cuidar dos assuntos pertinentes foi instalada a
Junta de Comércio, Fábricas e Agricultura, órgão instituído em Portugal pelo
Marquês de Pombal em 1758.
A partir da proclamação da Independência essa tarefa foi
assumida pela Marinha do Brasil, que transfere as funções para as Capitanias dos
Portos em 1845.
Em 1876 nasce a Direção de Faróis, e desde então os
assuntos relacionados a sinalização náutica passam por diversas repartições (com
diversas denominações) até a criação Centro de Sinalização Náutica Almirante
Moraes Rego (CAMR) em 1965.
Sob a supervisão técnica do CAMR, que têm sob controle
direto os sinais náuticos do litoral do Rio de Janeiro, estão os serviços de
sinalização náutica (SSN) e os centros de hidrografia e navegação (CHN):
SSN/CHN | SEDE | DISTRITO NAVAL | ESTADOS ATENDIDOS |
SSN - 2 | Salvador, BA | 2º | Bahia e Sergipe |
SSN - 3 | Natal, RN | 3º | Alagoas, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Ceará |
CHN - 4 | Belém, PA | 4º | Piauí, Maranhão, Pará e Amapá |
SSN - 5 | Rio Grande, RS | 5º | Santa Catarina e Rio Grande do Sul |
CHN - 6 | Ladário, MS | 6º | Mato Grosso e Mato Grosso do Sul |
SSN - 8 | Paranaguá, PR | 8º | Paraná e São Paulo |
CHN - 9 | Manaus, AM | 9º | Amazonas, Rondonia, Roraima e Acre |
Os faróis do Estado do ES ficam sob a jurisdição da
Capitania dos Portos daquele Estado, com sede em Vitória. A CP é subordinada ao
1º DN sediado no Rio de Janeiro, RJ;
O Brasil tem hoje 197 faróis. Clique
aqui
para acessar a
página do CAMR com os números de sinais náuticos. Abaixo, alguns dados de
referência:
MAIS ANTIGOS (1) | MAIOR ALCANCE (2) | MAIOR TORRE (3) | MAIOR ALTITUDE (4) | ||||
S.Antonio (BA) | 1698 | Rasa (RJ) | 51 M | Mucuripe (CE) | 71 m | Morro Grande (ES) | 208 m |
Barra (RS) | 1820 | Abrolhos (BA) | 51 M | Calcanhar (RN) | 62 m | F. de Noronha (PE) | 203 m |
Recife (PE) | 1821 | Cabo Frio (RJ) | 49 M | Santana (MA) | 49 m | Juatinga (RJ) | 175 m |
Rasa (RJ) | 1829 (31/07) | Salinópolis (PA) | 46 M | São Tomé (RJ) | 45 m | Macaé (RJ) | 156 m |
Moela (SP) | 1830 (31/07) | Olinda (PE) | 46 M | Albardão (RS) | 44 m | P. da Galheta (SC) | 150 m |
Alcântara (MA) | 1831 (fev) | Santa Marta (SC) | 46 M | Olinda (PE) | 42 m | Bom Abrigo (SP) | 146 m |
São Marcos (MA) | 1831 (mar) | Chuí (RS) | 46 M | Araçagi (MA) | 40 m | Cabo Frio (RJ) | 140 m |
Santana (MA) | 1831 (1/06) | Mucuripe (CE) | 43 M | Sergipe (SE) | 40 m | Mucuripe (CE) | 134 m |
Cabo Frio (RJ) | 1836 (19/06) | Maceió (AL) | 43 M | Salinópolis (PA) | 39 m | Castelhanos (RJ) | 121 m |
Mucuripe (CE) | 1846 (17/11) | Preguiças (MA) | 43 M | Mostardas (RS) | 38 m | Moela (SP) | 110 m |
(1) Entre os que estão em atividade
(2) Em milhas náuticas (1 milha = 1852 m) com visibilidade meteorológica de 18,4 milhas
(3) Altura em relação ao solo (faróis que possuem lanterna envidraçada)
(4) Altura da luz em relação ao nível médio do mar
No caso de valores iguais, o mais antigo aparece primeiro.