História
Os faróis são tão antigos
como a própria arte de navegar. Desde tempos imemoriais, os homens do mar se
orientavam à noite pelos astros e por fogueiras enormes instaladas à
princípio nas praias. Com o tempo, esses fogos galgaram promontórios e
ganharam torres de sustentação construídas de madeira ou alvenaria. Uma
dessas construções se tornou um marco na própria história da humanidade.
O faraó Ptolomeu Soter
encomendou ao arquiteto Sostratus, de Cnido (atual Tekir na Turquia
A impressionante torre de
aproximadamente 135 metros de altura (jamais existiu outro farol desse
tamanho - o farol mais alto do mundo hoje tem 133 metros e fica em Jeddah,
na Arábia Saudita) toda revestida de mármore branco foi inaugurada no
reinado de Ptolomeu Filadelfo, por volta de 274 AC. Segundo relatos,
espelhos faziam com que sua luz pudesse ser vista à 50 km de distância.
Não se sabe ao certo o tipo
de combustível usado para produzir a luz, uma vez que a madeira, usada por
séculos em outros faróis era escassa no Egito. O imponente edifício ainda
incorporava cisternas, escolas, templos e observatórios astronômicos.
Por ter sido construído na
ilhota de Faros, toda obra desse tipo passou à ser conhecida por esse nome.
Sua forma, uma fogueira sustentada por uma estrutura se tornou um padrão
para todos os faróis até o advento de outras fontes luminosas no séc. XVII. O
farol de Alexandria também detém o recorde de maior tempo de serviço
contínuo (1220 anos). Desmoronou em 1374 após uma série de violentos
terremotos. Por tudo isso, o farol de Alexandria é considerado o "pai dos
faróis".
Os romanos foram os maiores
construtores de “faros” da antiguidade. No ano 40 da era Cristã, o resultado
de uma bizarra tentativa de invasão das Ilhas Britânicas pelo imperador
Calígula deixou como única
ação louvável a construção de um farol em Bononia (atual Boulogne-sur-Mer,
na costa francesa) que serviu de modelo para a torre ainda de pé
construída pelo imperador Cláudio no ano 43 em Dubris (atual Dover,
Inglaterra), que serve atualmente para abrigar os sinos da igreja do castelo
adjacente. O farol de Boulogne, conhecido como “Turris Ordinis” desmoronou
em 1644.
Em A Coruña, na Espanha
está o que é considerado o farol mais antigo do mundo ainda em
funcionamento, também erguido pelos romanos provavelmente na segunda metade
do século I ou nos primeiros anos do século II d. C. Após longo período de
abandono e funcionamento intermitente, foi totalmente remodelado pelo
arquiteto Eustáquio Gianinni em 1790 e em 2009 se tornou o primeiro farol
considerado patrimônio mundial da humanidade pela UNESCO.
Alguns faróis da idade
Média chegaram aos nossos dias: Hook Head, na Irlanda, data de 1172. Em
Gênova (Itália), o farol conhecido como “La Lanterna” tem suas origens em
1128. Nele trabalhou como faroleiro, Antonio Colombo, tio do descobridor das
Américas.
Á época do Descobrimento do
Brasil, Portugal, a principal potência marítima da época, não tinha nenhum
farol. Em 1528 entrou em operação a torre de São Miguel-O-Anjo, na
barra do rio Douro, e somente em 1758 a questão da iluminação da costa
portuguesa ganhou a devida atenção, por iniciativa do Marquês de Pombal.
Em 1611 foi finalizada a
reconstrução do farol de Cordouan, na França. Esse é o marco a partir do
qual os faróis passam da alçada da arquitetura para a da recém-nascida
engenharia.