Evolução tecnológica
Os faróis se desenvolveram em torno de um objetivo: levar
ao navegante uma luz de grande alcance, de baixo consumo, sustentada por uma
estrutura resistente às intempéries.
As enormes fogueiras dispostas em pontos notáveis do
litoral ganharam torres de madeira ou alvenaria para que pudessem ser vistas à
maiores distâncias. Esse modelo consagrado pelo farol de Alexandria, se
tornaria um padrão por séculos.
As chamas queimando grandes quantidades de madeira ou
carvão à céu aberto, passaram à ser protegidas por lanternas, cuja popularização
só foi possível à partir da utilização de velas e lampiões no século XVII. O
óleo de baleia usado nesses lampiões foi substituído por outros de origem
vegetal (azeite de oliva, amendoim, colza, rapeseed) e mineral (querosene). Em
1818, o engenheiro italiano Aldini utilizou o gás de carvão na iluminação do
farol Punta Salvora.
Surgidos na Suécia em 1669 e melhorados por Hutchinson,
na Inglaterra e Teulére, na França, os refletores parabólicos direcionavam os raios de luz provenientes de uma chama posicionada em seu
centro numa única direção. Esse sistema, chamado de "catóptrico" ou de reflexão,
resultou numa iluminação mais eficiente e menos dispendiosa, principalmente à
partir da introdução dos lampiões de pavio de dupla corrente de ar desenvolvidos
por Argand por volta de 1780. A rotação desses conjuntos de lampiões/refletores,
invenção do sueco Jonas Norberg, deu origem aos lampejos.
Em 1822 o físico francês Augustin Jean Fresnel criou o
sistema dióptrico baseado no uso de
lentes que circundam a fonte luminosa (na época, chama nua - atualmente,
lâmpadas elétricas e LEDs). Essas lentes são classificadas de acordo com seu
diâmetro - da maior para a menor: hiper radiante, meso radiante e de 1ª à 6ª
ordem:
classe | hiper | meso | 1ª | 2ª | 3ª | 3ª (GM) | 3ª (PM) | 4ª | 5ª | 6ª |
diâmetro | 2,66m | 2,24m | 1,84m | 1,40m | 1,00m | 0,75m | 0,60m | 0,50m | 0,37m | 0,300m |
O mecanismo de rotação desses aparelhos (catóptricos ou
dióptricos) era semelhante ao de um relógio cuco - um peso fixo à um cabo descia
pelo centro da torre, e ao final de seu curso tinha que ser rebobinado pelo
faroleiro para reiniciar o processo.
As torres do tipo "esqueleto" criadas por Alexander
Mitchell em 1837 (como a do farol
São Tomé) e as revestidas com chapas de ferro
(como o farol
Itapuã) desenvolvidas por Alexander Gordon em 1840, incrementaram
a instalação de faróis em escala global. Mais tarde outros materiais como o
concreto, alumínio e fibra de vidro seriam utilizados.
A energia elétrica foi utilizada pela primeira vez em
1842 no farol South Foreland, na Inglaterra. No entanto, seu uso só se
generalizou após o fim da II Guerra Mundial, e o sistema de iluminação á
querosene vaporizado usado na época foi relegado á situações de emergência.
Quando não fornecida pela rede comercial (caso de locais isolados), é gerada por
motores a diesel ou por sistemas solares e eólicos.
Durante séculos faroleiros e suas famílias viveram em
lugares inóspitos, garantindo o perfeito funcionamento dos faróis. O surgimento
de equipamentos a gás acetileno desenvolvidos pelo sueco Gustav Dalén em 1914
deu origem ao processo de automação que se intensificou à partir dos anos 80 com
o desenvolvimento do controle via satélite.